A Relicário Edições e a Biblioteca Mário de Andrade convidam para o lançamento do livro “Continuar a nascer”, de Mônica de Aquino. Dia 30 de novembro, às 18h.
O lançamento contará com bate-papo e leituras sobre poesia e maternidade com Mônica de Aquino, Marília Garcia, Alice Sant’Anna e Ana Estaregui. Mediação de Jhenifer Silva.
“Continuar a nascer” foi elaborado a partir da experiência de sua gravidez, das mudanças produzidas em seu corpo, tantas vezes violentas, para a constituição de uma vida. A escrita de Mônica de Aquino procurou fugir aos clichês e idealizações que cercam o tema da gravidez, do parto e da maternidade, quase sempre vistos pelas lentes da realização, da completude, da beleza e do sagrado, ou como um fenômeno totalmente dominável pela técnica e pela medicalização. O último trimestre de sua gestação adicionou zonas de sombra, medos e máquinas ao processo: foi descoberta uma pré-eclâmpsia grave, que levaria ao parto prematuro de sua filha. Conforme diz a professora de literatura e poeta Prisca Agustoni em seu prefácio:
“Isso talvez nos ajude a entender porque nunca foi dada uma ênfase maior à maternidade em nossa tradição literária, fundamentalmente assentada sobre cânones masculinos. O controle por parte da sociedade sobre aquilo que lhe escapa, como é por natureza o corpo da mulher, sempre foi causa de medo e de repressão. Eis porque a voz feminina que resolve escrever sobre o seu próprio processo de gestação e de “continuar a nascer” é uma voz corajosa e necessária, por abrir perspectivas mais profundas e subjetivas sobre a releitura da representação do feminino na sociedade.”
E mais:
“A experiência da gestação, do corpo em mutação, vivido desde dentro, desde seus mínimos estalos e grandes mergulhos, esse tema tão intrinsecamente feminino e universal não está, entretanto, muito presente na literatura brasileira ou, se está, raramente se apresenta com a delicada violência que nos oferta a poeta Mônica de Aquino no livro Continuar a nascer. Uma terna violência, se assim podemos defini-la, pelo que há de mais intenso na experiência transformadora e irreversível que é a de dar a vida. Existe algo de iluminado e violento, ao mesmo tempo, nesse brotar de um sentimento que faz com que o sujeito se desprenda de si para desdobrar-se quase que inteiramente no cuidado com o outro, um ser em formação ainda despido de linguagem e de apego – no mesmo instante em que o corpo parece partir-se, e de alguma forma, perder sua metade, já desabitado: tanto o da mãe quanto o do bebê são subitamente lançados, após o parto, numa estranha orfandade, num estado de abandono, mesmo que transitório.
Os versos de Mônica revelam, junto de toda a beleza, que há algo assombroso nesse nascer de um coração minúsculo dentro do corpo onde há outro coração que bate, todo dia bate. O espanto da espécie, a intuição mais cortante que antecede a palavra, na hora do nascimento, talvez seja a de que cada coração precisa aprender a bater, dali em diante, numa fração de milésimo de segundo, frágil e rapidamente como asa de libélula, na solidão de um corpo que o acompanhará pelo resto da caminhada.”
Mônica de Aquino (1979), nasceu em Belo Horizonte. Publicou “Sístole” em 2005 pela editora Bem-Te-vi e “Fundo falso” em 2018 pela Relicário Edições, livro vencedor do Prêmio Cidade de Belo Horizonte de 2013 e finalista do Prêmio Jabuti 2019. Publicou, também, cinco livros infantis, todos pela editora Miguilim. Participou de antologias como “Roteiro da poesia brasileira 2000” (ed. Global) e “A extração dos dias” (Escamandro) e tem poemas publicados em periódicos como Poesia Sempre e Revista Piauí. Prepara, atualmente, seu próximo volume de poemas, “Mofo em floração”, série de textos em que dialoga com o trabalho de outros poetas e artistas plásticos.
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Evento de lançamento de “Continuar a nascer”, de Mônica de Aquino
A Relicário Edições e a Biblioteca Mário de Andrade convidam para o lançamento do livro “Continuar a nascer”, de Mônica de Aquino. Dia 30 de novembro, às 18h.
O lançamento contará com bate-papo e leituras sobre poesia e maternidade com Mônica de Aquino, Marília Garcia, Alice Sant’Anna e Ana Estaregui. Mediação de Jhenifer Silva.
+ infos e venda do livro: Continuar a Nascer
“Continuar a nascer” foi elaborado a partir da experiência de sua gravidez, das mudanças produzidas em seu corpo, tantas vezes violentas, para a constituição de uma vida. A escrita de Mônica de Aquino procurou fugir aos clichês e idealizações que cercam o tema da gravidez, do parto e da maternidade, quase sempre vistos pelas lentes da realização, da completude, da beleza e do sagrado, ou como um fenômeno totalmente dominável pela técnica e pela medicalização. O último trimestre de sua gestação adicionou zonas de sombra, medos e máquinas ao processo: foi descoberta uma pré-eclâmpsia grave, que levaria ao parto prematuro de sua filha. Conforme diz a professora de literatura e poeta Prisca Agustoni em seu prefácio:
“Isso talvez nos ajude a entender porque nunca foi dada uma ênfase maior à maternidade em nossa tradição literária, fundamentalmente assentada sobre cânones masculinos. O controle por parte da sociedade sobre aquilo que lhe escapa, como é por natureza o corpo da mulher, sempre foi causa de medo e de repressão. Eis porque a voz feminina que resolve escrever sobre o seu próprio processo de gestação e de “continuar a nascer” é uma voz corajosa e necessária, por abrir perspectivas mais profundas e subjetivas sobre a releitura da representação do feminino na sociedade.”
E mais:
“A experiência da gestação, do corpo em mutação, vivido desde dentro, desde seus mínimos estalos e grandes mergulhos, esse tema tão intrinsecamente feminino e universal não está, entretanto, muito presente na literatura brasileira ou, se está, raramente se apresenta com a delicada violência que nos oferta a poeta Mônica de Aquino no livro Continuar a nascer. Uma terna violência, se assim podemos defini-la, pelo que há de mais intenso na experiência transformadora e irreversível que é a de dar a vida. Existe algo de iluminado e violento, ao mesmo tempo, nesse brotar de um sentimento que faz com que o sujeito se desprenda de si para desdobrar-se quase que inteiramente no cuidado com o outro, um ser em formação ainda despido de linguagem e de apego – no mesmo instante em que o corpo parece partir-se, e de alguma forma, perder sua metade, já desabitado: tanto o da mãe quanto o do bebê são subitamente lançados, após o parto, numa estranha orfandade, num estado de abandono, mesmo que transitório.
Os versos de Mônica revelam, junto de toda a beleza, que há algo assombroso nesse nascer de um coração minúsculo dentro do corpo onde há outro coração que bate, todo dia bate. O espanto da espécie, a intuição mais cortante que antecede a palavra, na hora do nascimento, talvez seja a de que cada coração precisa aprender a bater, dali em diante, numa fração de milésimo de segundo, frágil e rapidamente como asa de libélula, na solidão de um corpo que o acompanhará pelo resto da caminhada.”
Mônica de Aquino (1979), nasceu em Belo Horizonte. Publicou “Sístole” em 2005 pela editora Bem-Te-vi e “Fundo falso” em 2018 pela Relicário Edições, livro vencedor do Prêmio Cidade de Belo Horizonte de 2013 e finalista do Prêmio Jabuti 2019. Publicou, também, cinco livros infantis, todos pela editora Miguilim. Participou de antologias como “Roteiro da poesia brasileira 2000” (ed. Global) e “A extração dos dias” (Escamandro) e tem poemas publicados em periódicos como Poesia Sempre e Revista Piauí. Prepara, atualmente, seu próximo volume de poemas, “Mofo em floração”, série de textos em que dialoga com o trabalho de outros poetas e artistas plásticos.
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