A partir do fim dos anos 1960, cineastas como Glauber Rocha, Júlio Bressane e Neville D’Almeida buscaram em seus trabalhos se aproximar de formas, conceitos e proposições provenientes das artes visuais, tendo Hélio Oiticica como principal interlocutor. O pesquisador Theo Duarte trata desses diálogos neste ensaio por meio de uma detida análise de filmes pouco conhecidos desses realizadores, respectivamente Câncer (1968-1972), Lágrima-Pantera, a Míssil (1971) e Mangue Bangue (1971), mobilizando também para esse fim entrevistas, cartas e demais escritos desses artistas.
O autor examina como na negação das convenções do mercado cinematográfico e alheios à censura, esses filmes instauraram inventivas poéticas do instante e do gesto, do espontâneo e do inacabado. Poéticas que se mostraram porosas às vicissitudes do seu tempo, seja o clima alegre e tenso, de comunhão e violência das agitações políticas e culturais do período, seja a atmosfera de dilaceração e temor nas experiências de marginalidade e exílio.