O caminho da prosa de Edimilson de Almeida Pereira
Por Michelle Strzoda
No próximo dia 13 de abril, terça-feira, às 20h, haverá o Clube de Leitura promovido pela @salvoconteudo sobre O Ausente, romance de estreia de Edimilson de Almeida Pereira, também o primeiro volume da trilogia A Náusea. O autor é presença confirmada no encontro, que acontecerá na plataforma on-line Zoom. O evento é gratuito, basta preencher o formulário no ig da salvo e, voilà, sua vaga está garantida!
Nélida Capela, livreira e curadora da Blooks Livraria, do Rio de Janeiro, Niterói e São Paulo, que conhecia o trabalho do autor mais no campo da poesia, ao ler O Ausente, considera que a narrativa de Edimilson vai do rural ao distópico urbano e ao plano urbano em si, como um movimento espiral e atemporal. Nélida provoca Edimilson sobre a construção de uma subjetividade que pode vir a ser de um homem negro, em gêneros narrativos, mostrando sua força em camadas de acontecimentos.
“Os personagens da trilogia estão em confronto com o mundo a partir de suas vivências. Esse confronto se revela como uma experiência dramática para as pessoas que reivindicam seus direitos sociais. As narrativas detalham como os indivíduos procuram entender a sua angústia e a dos outros em face de um mundo hostil. Para alcançar os dilemas das personagens, eu exploro a lógica do tempo espiralar. Tempo esse que ultrapassa a linearidade do tempo histórico e que permite aos personagens vivenciarem múltiplas sensações”, expõe o autor.
Edimilson revela, ainda, que “os desejos e as experiências concretas são a base do pensamento dos personagens que atravessam não só O Ausente, mas toda a trilogia. Eles procuram entender a razão do seu sofrimento e da sua esperança sem recorrer a outras forças superiores situadas fora deles. Mergulham nas próprias angústias, sem máscaras. Essa experiência pode representar a liberdade de quem busca seu próprio caminho no mundo”.
Busca pela liberdade
Felipe Beirigo, da Livraria Simples, de São Paulo, comenta em uma videorresenha no perfil da livraria do ig: “Isso aqui [O Ausente], meus amigos, é uma viagem”. O livreiro diz que Edimilson é um dos seus autores preferidos da atualidade e divide com os leitores suas impressões sobre o romance: “Ele conta a história de um cara que é curandeiro, tem o poder de salvar pessoas. Ele se chama Inocente no livro. Ele nasceu empelicado, quando saiu do útero ainda estava protegido pela bolsa. Então, reza a lenda que pessoas que nascem assim têm poderes de curar outras pessoas. Mas, ele se cansa desse rolê todo e ameaça tirar a própria vida. Tem um cara, que é o bandidão da história, que tromba com ele. Eles tentam fazer um acordo: Olha, eu tô doente, você me cura e fica nisso… A leitura do Edimilson não é palatável. Requer um tempo. Ele é um autor detalhista, o texto tem todo um tom poético. É sensacional!”.
Nélida Capela, da Blooks Livraria, considera que Edimilson mostra sua força em diferentes camadas de acontecimentos. Leitora experiente, Nélida o indaga aonde quer chegar sua prosa.
“Escrever poesia e romance é lidar com fios que se comunicam para formar uma grande teia de ideias, acontecimentos, memórias. Não estabeleço hierarquizações entre esses gêneros, embora reconheça particularidades de um cada um. Não tenho um lugar como meta de chegada, porque me interesso pelo caminho enquanto escrevo. Durante esse percurso é possível aprender sobre o mundo real e imaginar mundos fictícios. Estar nessa estrada, tecendo parte da grande teia, é o que me anima a escrever”, revela o autor.
Criadora do ig @amor.pela.literatura, Wal Bittencourt teve uma experiência tocante com a narrativa de O Ausente. Wal, que é escritora e dentista, ressalta as associações que ela encontrou com Guimarães Rosa. Em seu perfil, ela divide com seus seguidores impressões e dúvidas da leitura: “Na mesma casa, as pessoas buscavam Inocêncio para curar os males do corpo, mas ao contrário da companheira, realizada na arte de ensinar, aquela tarefa o afligia, pois sua busca íntima pelo autoconhecimento entrava em conflito com tudo aquilo –, como curar alguém se desconhecia a si próprio? –, como afirmar certezas que não possuía? – a travessia se mostrava carregada de angústia, mas imprescindível”.
Pensando num recorte de nicho e diversidade, Nélida Capela, da Blooks Livraria, pergunta a Edimilson de Almeida Pereira como ele vê o cenário literário hoje – se considera mais plural e se ainda é um desafio para escritores/as negros/as.
“Nas últimas décadas, as lutas dos movimentos sociais no Brasil e em outros países criaram condições para o reconhecimento dos direitos das comunidades excluídas por motivações de etnia, gênero, classe. Há uma pluralidade de vozes em circulação, propondo sensibilidades até então excluídas e forjando novos modos de recepção da escrita literária. É importante garantir que essas vozes não sejam reduzidas a um fenômeno de mercado e imediatista. Ao contrário, que sejam percebidas como forças instituintes das várias faces da literatura brasileira. Temos um circuito literário constituído por autorias negras e editoras negras. A onda que ampliou o alcance das autorias negras, sob o meu ponto de vista, não pode desconsiderar o vínculo entre experimentalismo formal, apuro estético e interesse político-social que confere vitalidade a essas autorias. Elas são múltiplas, apresentam tensões e contradições entre si, abordam temas os mais diversos – não se reduzem, portanto, a uma única imagem acolhida e amplificada pelo mercado. Ainda é um desafio para escritores/as negros/as evitarem que suas demandas literárias sejam apropriadas por um mercado editorial que espera deles/as a abordagem de determinados temas. Acredito que a liberdade com responsabilidade seja necessária para o exercício da escrita – uma condição a ser conquistada, sobretudo em sociedades com a democracia fragilizada como a brasileira”, analisa o autor.
SERVIÇO
O quê? Clube de Leitura sobre O Ausente Quando? terça-feira, 13 de abril, às 20h Como? inscrições no link https://bityli.com/XL2Uj Onde? pelo Zoom, participação ao vivo de Edimilson de Almeida Pereira Quanto? gratuito
Extra: use o cupom RELICARIOSALVO20 para compras com 20% de desc. aqui no site da Relicário!
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COLUNA GABINETE DE CURIOSIDADES
DA POESIA AO ROMANCE
O caminho da prosa de Edimilson de Almeida Pereira
Por Michelle Strzoda
No próximo dia 13 de abril, terça-feira, às 20h, haverá o Clube de Leitura promovido pela @salvoconteudo sobre O Ausente, romance de estreia de Edimilson de Almeida Pereira, também o primeiro volume da trilogia A Náusea. O autor é presença confirmada no encontro, que acontecerá na plataforma on-line Zoom. O evento é gratuito, basta preencher o formulário no ig da salvo e, voilà, sua vaga está garantida!
Nélida Capela, livreira e curadora da Blooks Livraria, do Rio de Janeiro, Niterói e São Paulo, que conhecia o trabalho do autor mais no campo da poesia, ao ler O Ausente, considera que a narrativa de Edimilson vai do rural ao distópico urbano e ao plano urbano em si, como um movimento espiral e atemporal. Nélida provoca Edimilson sobre a construção de uma subjetividade que pode vir a ser de um homem negro, em gêneros narrativos, mostrando sua força em camadas de acontecimentos.
“Os personagens da trilogia estão em confronto com o mundo a partir de suas vivências. Esse confronto se revela como uma experiência dramática para as pessoas que reivindicam seus direitos sociais. As narrativas detalham como os indivíduos procuram entender a sua angústia e a dos outros em face de um mundo hostil. Para alcançar os dilemas das personagens, eu exploro a lógica do tempo espiralar. Tempo esse que ultrapassa a linearidade do tempo histórico e que permite aos personagens vivenciarem múltiplas sensações”, expõe o autor.
Edimilson revela, ainda, que “os desejos e as experiências concretas são a base do pensamento dos personagens que atravessam não só O Ausente, mas toda a trilogia. Eles procuram entender a razão do seu sofrimento e da sua esperança sem recorrer a outras forças superiores situadas fora deles. Mergulham nas próprias angústias, sem máscaras. Essa experiência pode representar a liberdade de quem busca seu próprio caminho no mundo”.
Busca pela liberdade
Felipe Beirigo, da Livraria Simples, de São Paulo, comenta em uma videorresenha no perfil da livraria do ig: “Isso aqui [O Ausente], meus amigos, é uma viagem”. O livreiro diz que Edimilson é um dos seus autores preferidos da atualidade e divide com os leitores suas impressões sobre o romance: “Ele conta a história de um cara que é curandeiro, tem o poder de salvar pessoas. Ele se chama Inocente no livro. Ele nasceu empelicado, quando saiu do útero ainda estava protegido pela bolsa. Então, reza a lenda que pessoas que nascem assim têm poderes de curar outras pessoas. Mas, ele se cansa desse rolê todo e ameaça tirar a própria vida. Tem um cara, que é o bandidão da história, que tromba com ele. Eles tentam fazer um acordo: Olha, eu tô doente, você me cura e fica nisso… A leitura do Edimilson não é palatável. Requer um tempo. Ele é um autor detalhista, o texto tem todo um tom poético. É sensacional!”.
Nélida Capela, da Blooks Livraria, considera que Edimilson mostra sua força em diferentes camadas de acontecimentos. Leitora experiente, Nélida o indaga aonde quer chegar sua prosa.
“Escrever poesia e romance é lidar com fios que se comunicam para formar uma grande teia de ideias, acontecimentos, memórias. Não estabeleço hierarquizações entre esses gêneros, embora reconheça particularidades de um cada um. Não tenho um lugar como meta de chegada, porque me interesso pelo caminho enquanto escrevo. Durante esse percurso é possível aprender sobre o mundo real e imaginar mundos fictícios. Estar nessa estrada, tecendo parte da grande teia, é o que me anima a escrever”, revela o autor.
Criadora do ig @amor.pela.literatura, Wal Bittencourt teve uma experiência tocante com a narrativa de O Ausente. Wal, que é escritora e dentista, ressalta as associações que ela encontrou com Guimarães Rosa. Em seu perfil, ela divide com seus seguidores impressões e dúvidas da leitura: “Na mesma casa, as pessoas buscavam Inocêncio para curar os males do corpo, mas ao contrário da companheira, realizada na arte de ensinar, aquela tarefa o afligia, pois sua busca íntima pelo autoconhecimento entrava em conflito com tudo aquilo –, como curar alguém se desconhecia a si próprio? –, como afirmar certezas que não possuía? – a travessia se mostrava carregada de angústia, mas imprescindível”.
Pensando num recorte de nicho e diversidade, Nélida Capela, da Blooks Livraria, pergunta a Edimilson de Almeida Pereira como ele vê o cenário literário hoje – se considera mais plural e se ainda é um desafio para escritores/as negros/as.
“Nas últimas décadas, as lutas dos movimentos sociais no Brasil e em outros países criaram condições para o reconhecimento dos direitos das comunidades excluídas por motivações de etnia, gênero, classe. Há uma pluralidade de vozes em circulação, propondo sensibilidades até então excluídas e forjando novos modos de recepção da escrita literária. É importante garantir que essas vozes não sejam reduzidas a um fenômeno de mercado e imediatista. Ao contrário, que sejam percebidas como forças instituintes das várias faces da literatura brasileira. Temos um circuito literário constituído por autorias negras e editoras negras. A onda que ampliou o alcance das autorias negras, sob o meu ponto de vista, não pode desconsiderar o vínculo entre experimentalismo formal, apuro estético e interesse político-social que confere vitalidade a essas autorias. Elas são múltiplas, apresentam tensões e contradições entre si, abordam temas os mais diversos – não se reduzem, portanto, a uma única imagem acolhida e amplificada pelo mercado. Ainda é um desafio para escritores/as negros/as evitarem que suas demandas literárias sejam apropriadas por um mercado editorial que espera deles/as a abordagem de determinados temas. Acredito que a liberdade com responsabilidade seja necessária para o exercício da escrita – uma condição a ser conquistada, sobretudo em sociedades com a democracia fragilizada como a brasileira”, analisa o autor.
SERVIÇO
O quê? Clube de Leitura sobre O Ausente
Quando? terça-feira, 13 de abril, às 20h
Como? inscrições no link https://bityli.com/XL2Uj
Onde? pelo Zoom, participação ao vivo de Edimilson de Almeida Pereira
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