Publicado originalmente em 2013 pela Literal Publishing, no México e nos Estados Unidos, e republicado em 2014 pela Random House, “Tornar-se Palestina” (Volverse Palestina) é um relato contundente sobre a herança do exílio, a ancestralidade, a perda e a recuperação da identidade.
A autora Lina Meruane nasceu em Santiago do Chile e desde o ano 2000 vive nos Estados Unidos, onde ensina literatura na Universidade de Nova Iorque. Descendente de palestinos, conta que seu avô tinha ouvido falar de um vale entre as cordilheiras na América do Sul, que prometia uma vida como a vivida em Beit Jala, aldeia da Cisjordânia considerada uma das mais antigas da Palestina. Essa promessa fez do Chile o país com a maior comunidade palestina fora do mundo árabe. Duas gerações depois, a neta decide retornar ao território do avô. Retornar para um lugar que nunca tinha estado antes.
Jogando com o duplo sentido do verbo “volver” em espanhol (regressar e tornar-se), “Tornar-se Palestina” é a crônica de viagem de Lina Meruane a Israel para buscar e reapropriar as origens da sua família em áreas ocupadas. Mas além da nostalgia e da história familiar, a autora se encarrega de pensar o palestino também a partir do vínculo com o presente, a partir do que ela considera “o grande paradoxo de Israel”: que parte de uma comunidade a quem foi negada, por séculos, a propriedade e o pertencimento a um lugar seguro, agora submeta o povo palestino ao mesmo mal de que foram vítimas. Hoje, os palestinos são a maior comunidade de refugiados do mundo.
A obra também traz uma série de reflexões literárias, filosóficas e políticas sobre o conflito entre israelenses e palestinos através de seu acordo ou desacordo com intelectuais como Edward Said, Amos Oz, David Grossman, Ilan Pappe e Susan Sontag.
Nas palavras de El País: “”Tornar-se Palestina” é um belo livro que parece escrito em voz baixa, em minúsculas, em um esforço contínuo para combater a estridência da guerra com a intimidade da literatura.”