Tornar-se Palestina, da escritora chilena Lina Meruane, teve sua primeira edição brasileira publicada pela Relicário em 2019. Em 2025, chega-nos a segunda edição ampliada, com prefácio do escritor brasileiro Milton Hatoum – que contextualiza o momento presente e o genocídio em curso – e uma terceira e nova parte somada às duas primeiras, chamada “Rostos em meu rosto”.
A primeira parte, homônima do livro, traz a crônica da viagem de Meruane a Beit Jala, a cidade de seus ancestrais. Descendente de palestinos, conta que seu avô tinha ouvido falar de um vale entre as cordilheiras na América do Sul, que prometia uma vida como a vivida em Beit Jala, aldeia da Cisjordânia considerada uma das mais antigas da Palestina. Essa promessa fez do Chile o país com a maior comunidade palestina fora do mundo árabe. Duas gerações depois, a neta decide retornar ao território do avô. Retornar para um lugar que nunca tinha estado antes. Nesta jornada, a autora mergulha na realidade brutal da ocupação israelense, vivenciando encontros e percalços que a levam a reflexões profundas sobre perda, exílio e pertencimento. Na segunda parte, “Tornar-nos outros” (2014), a autora regressa novamente à Palestina, mas, desta vez, por meio do diálogo com escritores e intelectuais que abordaram o conflito israelo-palestino de diferentes perspectivas, como Edward Said, David Grossman, Noam Chomsky, Susan Sontag, Eric Hobsbawm, Mario Vargas Llosa e outros. Nela, Meruane trata da linguagem do conflito, dos silêncios e eufemismos que se articulam em torno de uma realidade que exige encontrar nas palavras um caminho para o entendimento.
No entanto, o que aparentemente era uma obra concluída revelou-se um livro vivo, que continuou a ser reescrito e ampliado até a inclusão de uma terceira parte, “Rostos em meu rosto”, de 2019 – a novidade desta segunda edição ampliada. A partir de uma nova viagem à Palestina, Meruane constrói uma reflexão sobre a identidade individual e coletiva impressa nos rostos e nas línguas, assim como os paradoxos culturais que os corpos carregam.
Além da nostalgia e da história familiar, a autora se encarrega de pensar o palestino também a partir do vínculo com o presente, a partir do que ela considera “o grande paradoxo de Israel”: que parte de uma comunidade a quem foi negada, por séculos, a propriedade e o pertencimento a um lugar seguro, agora submeta o povo palestino ao mesmo mal de que foram vítimas. Hoje, os palestinos são a maior comunidade de refugiados do mundo.
Tornar-se Palestina assume-se como um livro comprometido e consolida-se como uma obra essencial para quem deseja compreender as raízes históricas da realidade palestina e fazer frente às injustiças coloniais. Sucesso de público e crítica, teve mais de 15.000 exemplares vendidos no país.
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