Traduções de peças de nacionalidades e gerações distintas, mas que apresentam textualidades potentes que permitem aos leitores entrarem em contato com temas diversos, entre os quais se destaca a presença da figura feminina como referência e mote dramatúrgico. Os monólogos são: “Hilda Peña”, de Isidora Stevenson; “Beatriz”, de Stefano Benni; “Aniversário”, de Enzo Moscato; “Uma mulher só”, de Dario Fo e Franca Rame, e trechos de figuras femininas da tragédia “Hécuba”, de Eurípides.
Do texto de orelha de Marcos Antônio Alexandre (Faculdade de Letras UFMG – CNPq):
“Teatro e Tradução de Teatro – Vol. II, publicação organizada por Tereza Virgínia Ribeiro Barbosa, Anna Palma e Ana Maria Chiarini, professoras das áreas de Estudos Clássicos (grego) e Italiano da Faculdade de Letras da UFMG, apresenta ao leitor brasileiro monólogos de Isidora Stevenson, Stefano Benni, Enzo Moscato, Dario Fo e Franca Rame, e trechos de figuras femininas da tragédia Hécuba, de Eurípides (424/423 a.C.). Dramaturgos de nacionalidades e gerações distintas, mas que apresentam textualidades potentes que permitem aos leitores entrarem em contato com temas diversos, entre os quais se destaca a presença da mulher e da figura feminina como referência e mote dramatúrgico. Uma característica relevante da publicação, além de dar a conhecer textos – e autores – poucos divulgados no Brasil, é o processo tradutório das peças. A exceção de PREFÁCIO – VOCAL DESNUDAMENTO OR MY SINGING STRIPTEASE, texto de Enzo Moscato, traduzido por Ana Chiarini, as outras peças foram vertidas ao português a várias mãos. Tal estratégia tradutória permite aos envolvidos “vivenciar” e “experimentar” as palavras, sonoridades e sentidos dos vocábulos traduzidos; possibilita a busca do melhor registro para o texto, observando as similitudes e relações interculturais que facultam a aproximação das línguas em foco – espanhol, italiano, grego. A tradução coletiva/colaborativa coloca em diálogos as vozes dos sujeitos envolvidos no processo de versão linguística e intercultural. Chama atenção a tradução dos MONÓLOGOS TRÁGICOS – HÉCUBA DE EURÍPIDES realizada pela Trupe de Teatro Antigo (Truπersa), dirigida por Tereza Virgínia, grupo que, enquanto coletivo, apresenta como característica a reunião de “helenistas e latinistas, diretores de teatro, atores, músicos, encenadores, bailarinos” para concretizar a tarefa tradutória. Esta estratégia de versão dos textos faculta o diálogo entre especialistas e artistas, que testam os fragmentos vertidos no “palco”, exercitando-os cenicamente e, ao mesmo tempo, provando suas escolhas tradutórias, “degustando” as palavras e as tornando “palatáveis” para futuros leitores (e público). Metodologia similar é utilizada para a versão do texto HILDA PENHA, de Isidora Stevenson, do espanhol para português, feita por Jéssica Ribas, Luisa Lagoeiro e Sara Rojo, diretora e integrantes do Coletivo Mulheres Míticas. Coletivamente também se deu a tradução de BEATRIZ de Stefano Benni, realizada por Alessandra Ribeiro, Isabella Andrade, Jussara de Oliveira, Marcela Gomes Batista, Paula Albernaz Vieira, Vinícius Tonet e Anna Palma, fruto de trabalho produzido a partir de um curso ministrado na graduação em Italiano pela professora Anna Palma. Sem dúvida, traduções para serem apreciadas.”