O CORPO DA LINHA: notações sobre desenho busca explicitar e reconhecer o desenho como um dos elementos fundamentais do pensamento. Com uma vocação intersemiótica, o desenho se apresenta como linguagem por meio de seu componente central: a linha.
O texto de Edith Derdyk – uma das mais representativas artistas contemporâneas das artes visuais e da palavra – entrelaça imagens poéticas e inserções informativas e históricas que desconstroem a compreensão tradicional da linha no ambiente de aprendizagem, desafiando a persistência dos cânones clássicos, ainda presentes nas práticas artísticas e educacionais. Para isso, Derdyk apoia-se em ensaios de Flavio Motta, Mário de Andrade e Vilanova Artigas, além das reflexões do antropólogo Tim Ingold, conhecido por seus estudos sobre a linha. Também são incorporadas neste livro as experiências do poeta e pedagogo Fernand Deligny, as expressões sobre a linha nos textos do filósofo Gilles Deleuze e as ressonâncias dessa temática nos poemas de Fernando Pessoa e João Cabral de Melo Neto, bem como nas reflexões de artistas como Amilcar de Castro e do desenhista francês neoclássico Ingres.
O texto, portanto, aborda o potencial expressivo e construtivo da linha, considerando as mudanças dos paradigmas estéticos ao longo da história, desde a Antiguidade até os dias atuais, transcendendo os limites do pensamento neoclássico que reduz a linha ao seu papel de contorno.
Ao tecer uma espécie de inventário dos modos pelos quais a linha se expressa – seja no plano, seja no espaço, ao longo dos seus percursos históricos –, a autora vale-se de uma linguagem poética, imagética, simbólica. Edith Derdyk nos mostra que é possível deixar a linha – e o corpo – sonhar.