A literatura de Jacques Fux se caracteriza pela intertextualidade, pela autorreflexividade e por uma postura lúdica (e lúcida) em relação a suas interrogações a respeito da literatura e da vida, da ficção e da realidade. No conto “Ménage à trois” e no filme Ménage literário: uma investigação sobre a escrita de Jacques Fux, dirigido por Rodrigo Lopes de Barros, Fux evoca ou dialoga com David Foster Wallace, Carlos Drummond de Andrade, Susan Sontag, Charles Baudelaire, Jacques Prévert, Fernando Pessoa, James Joyce e possivelmente outros escritores, ressignificando textos alheios na sua própria criação. Na narrativa das duas obras, um encontro casual num café entre um homem e uma mulher desconhecida – assim como o encontro que Baudelaire descreve em “À une passante” – dá margem a reflexões, por parte do narrador (masculino), a respeito de desejo, de prazer, de pecado, de religiosidade, de tesão e a atração pelo inacessível. Ao incluir o próprio Jacques Fux conversando com a mulher e depois comendo churros no México, o filme adota outra característica da literatura de Fux: a autoficção, em que ele é autor e personagem ao mesmo tempo. “Ménage à trois”? Sim, mas entre quem? Entre o autor e as duas personagens do filme de Rodrigo Lopes de Barros? Ou entre o narrador, a mulher e o churro, como sugere o conto?
Texto de orelha de Randal Johnson (University of California, Los Angeles)