As máquinas celibatárias é um livro chave para entender a sobrevivência dos mitos no universo das máquinas. Editado originalmente em 1954, o livro ganhou uma edição ampliada em 1976, base para a presente edição brasileira. Michel Carrouges, ao estabelecer uma relação inédita entre Marcel Duchamp e Franz Kafka, criou um catálogo de máquinas literárias. Esta obra é uma das primeiras leituras conceituais da obra de Marcel Duchamp, La mariée mise à nue par ses célibataires, même ou simplesmente O grande vidro (1915-1923), na qual Duchamp é surpreendentemente um fio condutor para a crítica literária. Mobilizado essencialmente por essa obra e mantendo-a como fio condutor, Carrouges cataloga um conjunto de máquinas impossíveis, inúteis, delirantes ou com dispositivos aparentemente incompreensíveis. Trata-se de um modo bem apropriado para situar a literatura no final do século XIX até meados do século XX. O repertório literário que o leitor encontrará neste livro abrange Franz Kafka, Raymond Roussel, Alfred Jarry, Guillaume Apollinaire, Jules Verne, Villiers de l’Isle-Adam, Irène Hillel-Erlanger, Adolfo Bioy Casares, Lautréamont e Edgar Allan Poe. A edição contém ainda uma breve correspondência entre Michel Carrouges e Marcel Duchamp. Em uma das cartas, Duchamp admira a leitura do autor pela súbita e clara aproximação feita entre o dispositivo do Grande vidro e aquele encontrado na Colônia Penal, de Franz Kafka.